Foi o segundo jogo em que não vesti a camisola da sorte (a dos 6-1) e foi o segundo jogo que perdemos desde então. Começo a sentir-me mais culpado que o Cardozo a falhar golos na pequena área.
Após alguns dias a matutar se devia ir ao restelo ou não, acabei por ter um pressentimento que a coisa ia correr mal. Não vi, ouvi, li nada sobre o jogo, excepto o comentário do Camacho no final. Está mais que visto que este Benfica ou deixa a pele em campo ou não ganha a ninguem.
Não vou fazer qualquer cometário ao jogo de Sábado, antes comentar o que se vai passando na gestão do plantel em periodo de reforços.
Antes de mais, recomendo vivamente a crónica do Freitas Lobo sobre o dispositivo táctico de Benfica, com a qual eu concordo em absoluto. Diz ele que o Camacho desde o primeiro dia se mantem fiel ao 4-2-3-1, e variações desse sistema existem apenas na cabeça dos adeptos, que ao verem o Nuno Gomes em campo assumem que estamos a jogar em 4-4-2. Sejamos claros, tácticamente o Benfica joga sempre, sempre, sempre da mesma maneira, mudando apenas consoante as caracteristicas dos jogadores que são colocados no tabuleiro.
Ou seja, na direita do meio campo já passou o Maxi (que garante muita consistência mas nenhuma velocidade), o Di Maria (q mete muita velocidade mas perde 90% das vezes a bola sozinho), o Assis (que é um misto dos dois, acima de tudo inconsequente)... mas a movimentação da equipa nunca se alterou por jogar um ou outro.
Na dupla do meio campo defensivo isso ainda é mais visivel. Vejamos, já lá passaram o Petit, Katsouranis, Bynia, Rui Costa e Maxi. Com o Rui Costa nessa posição ganha-se muitissimo em termos ofensivos com o jogo muito mais pensado desde trás mas perde-se muito em poder de choque e nas recuperações de bola. Com o Bynia o meio campo fica super musculado mas perde todo o discernimento. Com o Katso não percebo muito bem o que ganha porque eu não o vejo mas sou incapaz de dizer mal. Resumindo, com uns ou outros ganha-se e perde-se qualquer coisa, mas a disposição táctica da equipa nunca muda, as movimentações dos restantes jogadores são sempre as mesmas.
Na frente é que está a grande confusão dos adeptos. Atrás do ponta de lança tem jogado o Rui Costa ou o Nuno Gomes (o Di Maria e o Bergessio não contam). O jogo do Benfica muda com um ou com outro? Claro. O Rui Costa tende a chegar-se para trás e a vir buscar a bola, e o Nuno foge mais para a baliza e procura tabelar de primeira com os companheiros. Um e outro contribuem de formas diferentes mas a movimentação do resto da equipa muda num todo? nem um milimetro.
Ou seja, este Benfica está amarrado a um modelo imposto por Camacho onde só alguns encaixam. Obrigando Rui Costa a jogar no apoio ao ponta de lança, Di Maria a médio direito, ou Katso numa parelha de trincos, Camacho está a tentar encaixar circulos em quadrados, não dá, não rendem eles e a equipa tácticamente não desenvolve. Relembro o que disse o Carlos Daniel quando afirmou que no Benfica "não se corre para jogar, anda-se - como malucos - a jogar para correr" ou mesmo o Freitas Lobo quando diz que ainda não deu para perceber o valor de Di Maria, Adu ou mesmo Cardozo, porque estes ainda não tiveram a oportunidade de mostrar quem são.
Nesta reabertura de mercado, das duas uma: primeiro, ou Camacho encontra os interpretes certos para o seu modelo táctico onde faltam claramente um (ou dois) box-to box e um médio direito, e despacha todos os outros que independemente do seu valor não encaixam nesta equipa (Assis, Di Maria, Adu, Bergessio, Mantorras, etc) . Ou, segundo, procura jogadores que lhe permitam potenciar o que tem jogando de outras formas, nomeadamente um 4-3-3 como o do Porto assente em 3 medios centro muito seguros e 3 jogadores rápidos e criativos (onde o Di Maria encaixaria como uma luva), ou um 4-4-2 como o do Sporting com um só trinco, consistencia no meio campo e dois homens de área.
Eu confesso que não tenho a resposta certa para esta questão. Custa-me sim, ver o Benfica andar a gastar uma fortuna em Di Marias e Adus quando estes nem se aproximam do perfil de jogador que o treinador quer, e pergunto-me, o tal Chelito vem tirar o lugar a quem? é ele que vem marcar os golos todos que o Cardozo aparentemente não tem marcado? Brincamos.
Ao Camacho deixo alguns cenários:
- se quer continuar a apostar no seu 4-2-3-1, é essencial encontrar um médio direito ao estilo de Rodriguez, passar o Maxi para lateral, dar oportunidades ao Adu como alternativa ao Rui Costa, encontrar quem de luta ao Cardozo como numero 9, e acima de tudo ensinar a nossa dupla de trincos (sejam eles quem for: Petit, Bynia ou Katso) a jogar à bola. Por muito que nos custe e independentemente do seu valor, jogadores como Nuno Gomes, Di Maria, Bergessio, Nelson, Coentrão podem todos arrumar as botas porque não têm lugar.
- um 4-3-3 poderia funcionar se ao Di Maria se juntasse um jogador tipo o tão falado Chelito. Mas nesse caso faria falta um ponta de lança muito mais rápido e ágil que o Cardozo. O meio campo ficaria mais ou menos na mesma com dois trincos e um maestro que seria obrigado a dar bem mais à perna que o Rui Costa.... Ora bem, neste cenário encaixam os jogadores tipo Coentrão e Manu mas deixa de haver espaço para o Rodriguez, Nuno Gomes, Bergessio, Assis, Maxi, etc. e tinhamos de abrir os cordões à bolsa para ir buscar o Chelito e outros alas do género.
- talvez o mais simples seja apostar no 4-4-2 mas para isso precisa de fazer uma pequena revolução no meio campo. Apenas um trinco (Petit ou Bynia), dois interiores (que até podem ser Rodriguez, Maxi ou Assis, que têm de jogar em diagonais ao invés de colados às linhas como parece querer Camacho), Rui Costa (ou Adu) a #10, e dois homens de área como Cardozo e Nuno Gomes, mas o ideal seria ir buscar novo goleador ao estilo do tão falado Chevanton. Neste cenário o Chelito nao faz falta e podia ficar no Mexico, e claro, alas como DiMaria e Coentrão teriam de ir à vida deles. Leo e Nelson como laterais rápidos e ofensivos seriam essenciais. E Katsoranis teria de voltar para central....
Camacho precisa de tomar decisões em vez de se limitar a pedir o que parecem ser bons jogadores. o Benfica tem bons jogadores, que infelizmente parecem não encaixar uns nos outros, uma pesada herança do FS cuja unica responsabilidade recai unica e exclusivamente sobre os ombros de LFV. Somos um caso flagrante onde o valor do todo é bem inferior à soma dos valores individuais...
Entretanto, Camacho que passe as férias do Natal a ensinar o nosso meio campo defensivo a jogar à bola porque Petit, Bynia e Katso parecem infantis na forma como se movimentam e circulam a bola. Enquanto o Petit não renascer, volto à minha teoria que a posição 6 não pode estar entregue a quem percebe tão pouco de futebol, seja ele quem for.
Ah, e garanto-vos que mais um jogo como o de Sábado onde o Rui Costa é o unico a correr e bem podem começar a pedir um novo maestro ao Pai Natal
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5 comentários:
após ler esta posta, fico com vontade de deixar tambem o meu desejo. A solucao que me parece mais viavel (tactica e financeiramente) e mais realista para as provas em que queremos vencer (campeonato nacional) passa por apostar num modelo mais semelhante ao 4-4-2 do Porto do Mourinho, com um trinco e dois interiores, mais ou menos assim:
GR Quim (Moreira)
LD Nelson (Luis Filipe)
DC Luisao e David Luiz (Ed Carlos)
LE Leo (reforço jovem barato)
T Katsouranis (Petit)
ME Rodrigues (Assis e reforço)
MD Maxi (Assis e reforço)
10 Rui Costa (Adu)
PL Cardozo e Reforço (Gomes e Mantorras)
Dispensas: Butt, Miguelito, Bynia, Zoro, Miguel Victor, Romeu Ribeiro, Diaz, Coentrão, Bergessio, Dabao.
Di Maria, independentemente do seu valor, nao tem interesse neste esquema, devia ser emprestado para tentar valorizar o passe.
Soltas:
- Enquanto se fala de reforços, alguem se lembra que o Atletico nos deve dois jogadores? nao foi isso que nos contaram?
- Quanto pedirá o Porto pelo passe do Adriano?
- e o sporting pelo do Liedson?
- O Ricardo Rocha, mesmo lesionado,
não quererá voltar para a Luz?
- o Jorge Ribeiro, asqueroso e irmao do supremo mete-nojo, a custo zero não daria um jeitão?
- quanto pedirá o Braga pelo passe do João Pereira? 1 milhão? 2 milhões e o Luis Filipe?
eu nao vi o jogo no sabado, nao ouvi, nem li nada. tal como tu joao. a minha mae esta' de visita e passei sabado a conduzir de blacksburg a NYC. mas, mesmo nao tendo visto o jogo e sabendo apenas do resultado, nao podia estar em mais acordo.
eu sou defensor do 4-4-2. mas tambem sou defensor do 1-2-3-4 ou do 4-3-2-1, desde que as pecas sejam as indicadas para que, semana sim semana sim, nos demos 3 ou 4 sem resposta a quem quer que seja. nao interessa se temos um cardozo, 4 adus, 5 di marias ou 11 rui costas. as pecas tem e' de encaixar e temos de ganhar jogos com a tal pontinha de sorte mas tambem com cabecinha. nao nos vale de nada andarmos sempre a correr atras do prejuizo e empatarmos. seria bem mais facil comecar sempre o jogo sabendo que os actores sabem o que vao fazer e aos 25 minutos ja' estamos a ganhar por 2-0 para gerir ate' ao fim...
vale tambem a pena ler a cronica do Luis Sobral sobre o meio campo do Benfica
http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?div_id=1498&id=893456
Concordo com tudo, João, mas quanto a mim incorres num erro grave que te leva - de uma forma bonita, admito - a estabelecer cenários de várias ordens, sem que te centres na realidade principal: Camacho teria de ter mais de dois neurónios para fazer um exercício tão simples e correcto, como esse que fizeste de tentar compreender as várias características dos jogadores que tem, daqueles que deve dispensar por não terem lugar no modelo em que acredita, e nos que deve comprar por realmente precisar deles. Camacho, estou em crer, pensa tanto o futebol como a minha avó Cesaltina Amélia, que coitadinha (deus a tenha em sossego), ainda se lembrava de dizer que o importante era "meter" golos. Não valorizes em demasia este nosso El Gordito, que faz muito bem de árbitro em peladinhas seixalenses, mas que é muito limitado quando chega a hora de ser treinador de futebol.
No resto (análise ao jogo, a jogadores e modelos), sem dúvida, João, concordo.
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