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Eusébio +10: o losango

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

o losango

Excelente esta cronica do Luis Freitas Lobo no Planeta do Futebol:

No final do jogo com o FC Copenhagen, Fernando Santos, com a segurança que só a vitória pode dar, disse que estava identificado o problema para as anteriores derrotas do Benfica, como a sofrida em Braga, por 3-1.
Tudo tem a ver com a afinação de movimentos do losango, aquela diabólica figura geométrica táctica que desenha o meio-campo encarnado. Se, com bola, a atacar, as coisas vão funcionando, a defender, sem bola, tudo é diferente. O jogo frente a um Braga foi um bom exemplo.

Frente a um adversário que joga em 4x3x3, com extremos, e laterais ou médios interiores subidos em apoio para tabelar, é necessário que os médios ala do losango saibam fazer, sincronizadamente, o movimento contrário ao habitual de abrir em posse e fechar no meio sem bola. Ou seja, como o Braga ataca com um extremo mais um lateral ou médio, é necessário que para garantir pelo menos igualdade numérica zonal no ataque à bola, não fique apenas o defesa-lateral benfiquista frente aos 2 adversários que atacam.

Pede-se, portanto, que um dos vértices ala do losango também descaía para essa faixa a trabalhe na marcação à zona, para assim cobrir o espaço e encostar nos dois adversários que invadem esse espaço. Este comportamento defensivo alterna de flanco para flanco.

No meio, o trinco (Petit), deve encostar no médio centro ofensivo adversário (J.Pinto). Nada disso sucedeu. Os médios ala continuaram a fechar no meio sem bola e deixaram os flancos abertos para as triangulações um-dois do Braga. É preciso, portanto, agilizar os princípios de movimentação dessa dupla de flanqueadores na transição defensiva. Saberem bem quando devem abrir e fechar, sem ficar presos aos hábitos de o fazer só consoante ou não a posse.

São as tais nuances estratégicas especifícas, que, jogo a jogo, sem adulterar a sua filosofia base, o treinador deve incluir na estratégia da equipa em função da análise feita aos pontos fortes do adversário.


COMO JOGOU O BENFICA EM BRAGA: Falhas de marcação e «zona» mal feita.
Embora mantendo o losango no meio-campo, ao Benfica em Braga faltou inteligência para perceber a forma de jogar do adversário. Manteve as mesmas rotinas de movimentação, abrindo nas alas em posse e fechando no centro sem bola, mas, com isso, perdeu o controlo das faixas a defender. Atacando pelos flancos em 4x3x3, com extremos e um lateral, à direita, ou um médio interior, à esquerda, o Braga ficou sempre em superioridade numérica nessa zona. Em vez de fecharem no centro, os médios ala encarnados deveriam ter descaído mais para o flanco na cobertura. Por entre este mundo de equívocos táctico-posicionais, o Braga dominou, controlou e ganhou com naturalidade.

4 comentários:

Diogo disse...

E' a analise obvia. A marcacao 'a zona e' um pau de dois bicos (neste caso, de dois medios). Se o trinco tem por missao marcar o medio criativo do Braga (JVP), os dois medios mais interiores do Benfica (Katsos e Nuno Assis) sao obrigados a fazer marcacao ao homem aos extremos do Braga. Porque? Porque deixa o lateral mais solto para fazer uma dobra a esse medio ou ao central mais desapoiado. Ou seja, com 7 elementos a defender (partindo do principio que os 3 elementos mais avacados se fiquem pelo meio campo), nao podem haver situacoes de inferioridade numerica para um maximo de 5 ou 6 elementos ofensivos adversarios (que nunca passaram dos 4). As falhas de marcacao dos nossos medios podem ter sido o elemento decisivo.

Agora temos ai o Sporting. Os lagartos jogam no mesmo esquema tactico que nos, o que indicara' um encaixar perfeito das pedras. Aqui 2 dos nossos elementos mais avancados tem de descair: o nosso numero 10 e um dos pontas. Porque? Ficando o Nuno Gomes (o mais que provavel ponta de lanca titular) na frente, obrigamos o sporting a ter sempre 1 ou 2 homens mais recuados. O Simao e o substituto do Micoli tem de prender os laterais, e os outros 7 defendem em bloco mas com cabeca. A marcacao ao homem aos pontas de lanca e' fundamental, com marcacao ao homem aos medios interiores e ao medio criativo.

Sao os meus palpites para que corresse mais ou menos bem. Mas eu nao sou treinador e posso ter dito o maior disparate de sempre...

Joao disse...
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Joao disse...

Paulo, concordo q os golos do braga nao sao resultado de uma ma movimentacao defensiva, mas sim de erros individuais aliados a algum desnorte colectivo.

Mas o Braga dominou todo o jogo, sendo sempre mais perigoso que o benfica. num jogo destes parece q o adversario esta a jogar com mais do que 11, pois apareciam em superioridade numerica no campo todo. isso deve-se a questoes tacticas e na minha opiniao tem a ver com a falta de rigor dos nossos interiores a fechar as alas, preferindo esconder-se no meio em vez de andar em grandes correrias atras dos extremos ou laterais adversarios.

creio q este benfica tera sempre muitas dificuldades em jogar contra equipas fortes pelas alas (com extremos puros, bem apoiados por laterais) a servir avancados rapidos na area.

O liedson e' um exemplo do jogador que os nossos centrais nao sabem controlar. felizmente tenho fe q o nosso meio campo consiga controlar o miolo do sporting e q seja o Leo e o Nelson, com o apoio do Simao a desiquilibrar no ataque.

Diogo disse...

concordo joao. acho que o sistema e', para o plantel que temos, muito adequado. talvez o ajuste passe pela inclusao de extremos puros a jogar como medios interiores, pois isso criaria (1) desequilibrios no ataque, com 5 homens a aparecerem na frente (10, extremos e 2 pontas) e (2) maior controlo sobre os laterais adversarios. ou seja, em cruzinhas:

X X

X

<-X X->

X


Os laterais poderiam subir com mais seguranca porque o extremo fecharia o flanco, e o trinco nao estaria tao so' a defender, com os mesmos extremos a fecharem o meio campo quando fosse preciso. Isto poe o problem do Petit, como tu bem referiste ha' tempos: a sua raca, pulmao e tudo o que poe em campo e' sinal de querer ganhar. Mas o Katsoranis e' limpinho a defender e desequilibra la' na frente, coisa que o Petit raramente faz. Dada a lesao do Rui, apostar no Karyaka para 10, com o Simao e o Paulo Jorge no meio, Katsoranis mais recuado, Kikin e Nuno Gomes na frente parece-me uma opcao correcta.

Porque nao o Nuno Assis e o Karagounis? Pela simples razao de que, muitas das vezes, se ficam no sitio onde estao, 'a espera que o resto da equipa resolva o jogo por eles (mais o Karagounis que o Nuno Assis). Nao sendo justo mandar os 2 para o banco, talvez ficasse com o Assis a extremo/interior...