Os Jaquins(TM)

Uma vez que o termo "óscar" está mais ou menos indelevelmente associado aos prémios da Academia do Santo Bosque (Hóliude em amaricano), além de que "óscar" é um nome um bocado aparvalhado (o Oscar Selvagem-e, Wilde em amaricano, é a excepcão confirmante), resolvi baptizar estes prémios de "Jaquins". Os Jaquins(TM) são uns prémios cuja existência me parece necessária para coroar as vicissitudes várias do fenómeno desportivo. Contrariamente à periodicidade anual sos prémios da academia do santo bosque, os Jaquins(TM) podem ser atribuídos sempre que der na gana à malta do Eusébio +10. E podemos atribuir os Jaquins(TM) que nos apetecerem, sem o conservadorismo típico dos académicos do santo bosque, que dão sempre prémios para as mesmas coisas. Neste aspecto, inspiro-me num hábito antigo, entretanto suspenso, de ler a Grande Reportagem: eles tinham sempre prémios originalíssimos e muito bem atribuídos. O objectivo dos Jaquins(TM) é, naturalmente, levar a ideia mais além, porque no fundo é isso que nós somos: mais além, mas tipo bué. Lancado o desafio à malta do Eusébio +10, aqui fica a lista dos Jaquins(TM) cuja atribuicão me parece fundamental.

Jaquim(TM) melhor argumento original - para Materrazzi. O que quer que ele tenha dito ao Zidane, foi certamente a primeira vez que o francês ouviu aquilo, e não deve ter sido coisa pouca para afinfalhar uma marradona daquelas no italiano. Mais do que merecer um Jaquim(TM), Materrazzi merece um Jaquim(TM) com louvor e distincão.

Jaquim(TM) desbocado do Mundial - para o infeliz presidente da infeliz organizacão que dá pela infeliz designacão de FIFA, cujo não menos infeliz nome é Sepp Blatter e que, cúmulo da infelicidade, é infelizmente Suíco. O homem não se cala. Parece o Manuel Alegre. Chega aqui e manda bujarda, chega ali e bota discurso, chega além e pede desculpa pelo mais recente ataque de bujardite e emociona-se tanto com o desculpante discurso que acaba a enfiar mais três ou quatro valentes coices no senso comum. Tem todas as condicões para ser candidato à presidência da lusitana Res Publica.

Jaquim(TM) mariquinhas pé-de-salsa - para Cristiano Ronaldo, pela permanente choradeira, por tudo, e sobretudo por nada, quando ganha, quando perde, quando finta menos de catorze gajos na mesma jogada, quando lhe dão fraldas Ausónia em vez de Dodot, quando a chucha cai, quando o Cerelac é de banana em vez de ser tutti-frutti, quando a câmara não capta a expressão número 94848534, cuidadosamente treinada ao espelho, quando é substituído, quando leva uma patada, quando se atira para o chão e o árbitro não marca penalti, e quando Scolari se esquece de lhe colocar o pó-de-talco.

Jaquim(TM) danados das orelhas - para os ingleses. Com os cumprimentos do Cristiano Ronaldo.

Jaquim(TM) estou farto de lhes dizer para parar de comprar gajos que jogam nos lagartos e nos bimbos - para os ingleses. Quem paga aquelas quantias principescas por gajos como o Hugo Viana, esse grande craque, e o Hélder Postiga, essa letal máquina de fazer golos, leva altos barretes, e continua a comprar nas mesmas proveniências, é provavelmente sádico, e provavelmente burro. Ou então é inglês.

Jaquim(TM) melhor actor principal - Ballack, pelos constantes mergulhos, protestos com o árbitro, faltinhas à-sacana, faltinhas à socapa, e provocacões aos adversários. Ou me engano muito, ou não tarda está incluído no lote de jogadores que deu razão de ser à entrada anterior desta lista.

Jaquim(TM) melhor actor secundário - Van Bommel, pelos constantes mergulhos, protestos com o árbitro, faltas à-sacana, faltas à socapa e provocacões aos adversários. Só não leva o de actor principal porque, convenhamos, nem para calcar as botas ao Ballack serve.

Jaquim(TM) forcado de ouro, com o patrocínio do Grupo de Forcados Amadores de Abiceixe - Materrazzi, pela marrada que levou em cima. Mais um esforco e tinha cortado orelhas e rabo e feito a volta triunfal à pista, antes de as vacas virem buscar o gajo que lhe marrou de volta ao curral.

Jaquim(TM) isto já não é o Barcelona - para Rafael Marquez e Puyol, pelos cartões amarelos com que foram brindados assim que comecaram a distribuir castanha (ou seja, imediatamente após o início dos jogos). Estavam habituados ao colinho da Liga dos Campeões...

Jaquim(TM) Diácono Remédios - para Raymond Domenech, por aquele ar de censor pidesco, por aquele comportamento absolutamente fascizóide de tão descaradamente desprovido de fair-play e pelo desejo que aposto que ele tinha de parar o jogo de cada vez que o adversário recuperava a bola.

Jaquim(TM) batalha campal - para o Portugal-Holanda, pela contínua sessão de castanhada que praticamente fez corar de vergonha os meninos que participaram num infame Portugal-Angola de há alguns anos.

Jaquim(TM) Jacques Costeau, o mergulhador - para Maoulida, que caía para o chão sempre que sentia um adversário a respirar a menos de cinco metros de distância, mas o fazia com tal classe que os árbitros marcavam sempre falta. Ou então queriam levar a Franca ao colo, mas isso eu não acredito, nem pensar.

Jaquim(TM) do Caravaggio - para Scolari, pela leiteira monumental que tem. Não há sorte que sempre dure, sobretudo quando se insiste em coxos inúteis a ponta-de-lanca, mas chegar às meias-finais sem jogar um excremento é realmente uma coisa do Caravaggio.

Jaquim(TM) estás a ver como é - para Nuno Gomes, pelo sua resposta apropriadíssima a uma decisão injusta e estúpida do gajo que treina a equipa, ao fazer o que sabe fazer como mais ninguém naquela equipa: marcar golos, mesmo a equipas que não sejam provenientes do Liechtenstein e das Ilhas Feroé.

Jaquim(TM) vaquinhas dos acores - para Pauleta, pela capacidade de andar alguns sete jogos a pastar constantemente, muitas vezes sem sequer se dar ao trabalho de se fazer às bolas que lhe endossavam, e quase, quase sempre se mexer um dedinho para sair do bolso do central adversário. Mas ao menos as vaquinhas são giras, fazem mú-múuuu e dão leite, que é um alimento nutritivo e que, segundo uma campanha publicitária, é juventude.

Jaquim(TM) para a melhor ficcão - aquela cena de o Scolari dizer que quer ser campeão do Mundo com o Pauleta a titular, só no domínio da ficcão, mesmo...

Jaquim(TM) väo guinchando que a gente vai jogando - Itália. Com aquele futebol de filigrana, aquela capacidade de trocar a bola em qualquer parte do campo, junto à baliza deles, se for preciso, como se o adversário não estivesse lá, com a confianca inabalável de quem sabe que ela sai do meu pé para o teu e ninguém a apanha, aquele ar insofismável com que saem de situacões de aperto junto à sua baliza, qual James Bond a sacudir o pó do smoking depois de uma luta fratricida, a forma como deixaram as conversas para os demais e se limitaram a falar dentro do campo, às vezes de mansinho, sussurrando, quando a coisa estava dura, outras vezes gritando aos sete ventos sobre o adversário que se limitava a vê-los jogar. Como escreveu a Guardiã do Mito, na semana passada, é impossível n
ão gostar deles.

Jaquim(TM) vamos ao que interessa - para o Benfica, evidentemente. Agora que acabou essa coisa menor que é a porcaria do Mundial, vamos poder concentrar-nos a fundo na pré-época em curso, e estudar todos os detalhes de todos os adversários que nos podem calhar para a pré-eliminatória. Sim, que este ano todas as grandes equipas (Benfica, Real, Manchester...) vão dar um bocadinho de receita a clubes menores da Europa, e mandaram-se aqueles clubezecos que ninguém quer ver directamente para a fase de grupos, para não entediar as pessoas. Raios, a UEFA sabe do que faz.