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Eusébio +10: Apito com carteira profissional

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Apito com carteira profissional













Com a devida venia ao Castigo Maximo:

Confesso que nunca percebi quem apresenta a profissionalização da arbitragem, como a solução para os grandes males do futebol. No entanto, já ouvi grandes dissertações sobre o assunto e, recentemente, até o sucessor do Major fez dele o grande tema para a sua apresentação como representante máximo do PSD na Liga de Clubes. Mas a coisa faz-me confusão.

Normalmente, a profissionalização é apresentada como necessária, sempre que o nível de qualificação exigido é incompatível com outra ocupação. Por exemplo, ninguém imagina possível um médico não o ser a tempo inteiro. Faz sentido. A formação de base exigida, a necessidade de actualização constante, o treino permanente, conjuntamente com o facto de mexer com a nossa vidinha, não permitem que a actividade seja exercida, apenas, uma ou duas vezes por semana. Fazê-lo, representaria uma quebra significativa das suas competências. Agora, um árbitro?

Das competências exigidas para a arbitragem, destacam-se um bom conhecimento das leis do jogo, uma razoável preparação física, capacidade para afirmar a sua vontade sem exibicionismos desnecessários, honestidade (muita!) e aquela coisa que toda a gente reivindica, mas ninguém sabe onde se compra ou aprende, chamada “bom senso”. Ora, as leis do jogo não são assim tantas e pouco ou nada têm mudado. Também não me consta que algum árbitro tenha ficado a arfar, caído no campo, sem conseguir acompanhar os jogadores. A sua autoridade, com mais ou menos dificuldade, acaba por se impor, até porque não há alternativa. Na honestidade e no “bom senso” (ou na sua falta) é que se concentram as críticas (agora pouco importa se com ou sem razão). Querem convencer-me que eu só posso ser honesto, se for profissional? Se calhar, a história do futebol demonstra precisamente o contrário...

Aceito que só por carolice alguém vá preparar o físico depois de um dia de trabalho, com o objectivo de participar num jogo que lhe ocupa parte de um fim- de- semana que bem podia passar com a família e os amigos. Também aceito que o actual “apitanço a recibo verde” levante problemas com o IRS. Aceito, até, que os patrões dos árbitros não achem muita piada às faltas que os seus assalariados, por vezes, têm que dar. Não me venham é tentar convencer que as marcações do campo ficam mais nítidas, o sopro mais firme e, sobretudo, a formação do homem mais sólida, só porque tem uma carteira profissional no bolso. Os problemas do futebol, não são estes. Só que, muito mais fácil do que encontrar soluções difíceis para problemas reais, é inventar problemas de solução fácil.

2 comentários:

Nuno disse...

Eu tenho um ponto de vista alternativo: a profissionalizacão dos árbitros é importantíssima porque tendo em conta o que se passou com o "Apito Dourado", isto vai ser um regabofe de fazer corar o Luiggi Moggi. E os senhores árbitros têm que ter tempo de "enjoyar" os cafezinhos com leite, as viagens ao Brasil no Brasil em estilo de vá-para-dentro-lá-fora, as viagens ao Brasil em estilo de vá-para-fora-cá-dentro, para os que só desenrascam uns cartões amarelos cirúrgicos ao adversário da semana que vem, os chocolatinhos negros, brancos ou de leite, e outros pequenos miminhos afins. É que não se pode esperar que os digníssimos senhores árbitros, todos eles altamente letrados e manifestamente vergados ao cansaco ocular de anos e anos de estudo de jogos de futebol, estejam concentrados no que se passa naqueles noventa minutos se na noite anterior tiveram que tomar o cafezinho com leite em versão rapidinha porque não puderam sair mais cedo do trabalho...
Deixemos os homens ser profissionais. É que há uma coisa que eu gosto nos profissionais: deixa de haver desculpas para correr a pontapé com os incompetentes, para os mandar passar umas belas e refrescantes férias no simpático deserto do Sahara, ou nas milenares paragens da Babilónia.
Venha de lá a profissionalizacão. Mas só depois de termos um procurador-geral da república que não ande a invadir jornais, que não ande a condenar alguns arguidos e a inocentar outros; só depois de um processo poder ser julgado em Portugal em tempo útil, os inocentes libertados do pântano em que alguém os meteu e os culpados castigados para desmoralizar quem quer que esteja com ideias semelhantes; só depois de as escutas telefónicas a mafiosos poderem ser feitas sem autorizacão dos mafiosos.
Profissionalizem os árbitros, mas primeiro preparem-se para criminalizar os pagamentos em género de cafezinhos com leite.
Eu dou uma nota das vermelhas (50EUR) para ajudar ao salário daquele senhor que tratou de resolver o problema em Itália. Não foi uma resolucão perfeita, mas também não se remove um tumor sem primeiro abrir com o bisturi...

Joao disse...

mas como e' q professionalizar vai impedir os arbitros de beberem cafe com leite? eu tambem sou a favor da profissionalizacao, nao vejo e' como e' q isso vai contribuir para a credibilizacao da arbitragem... sao duas coisas q nao tem nada a ver.