porque o homem quando não está possuido pelo seu anti-benfiquismo primário até diz algumas coisas com jeito:
Como se sabe, há três clubes chamados grandes no futebol português: a Cigarra, a Formiga e o Kalimero.
O Kalimero é Sporting e é o caso mais problemático. Os tempos mudam e os tempos mudaram em desfavor do Kalimero: no futebol nacional, tal como na vida política ou demográfica do país, os tempos evoluiram para a bipolarização e o Kalimero é o parceiro sobejante. Em vão, vive a proclamar que foram eles que trouxeram o futebol para Portugal, que são eles os gentlemen e guardiões do templo com a profusão de condes e barões que deram ao nosso futebol. A verdade é esta: o Kalimero tem hoje menos títulos, no futebol e no resto, menos adeptos, menos assistências e incomparavelmente menos projecção e conhecimento internacional do que a Formiga. Pior do que isso, eles — que se reivindicam de donos do fair-play e do bom gosto — sofrem de cada vez que comparam o seu novo estádio, com nome de Visconde, a essa coisa linear e deslumbrante que é o Estádio do Dragão, e desesperadamente sentem que, em cada nova geração de adeptos que chega ao futebol, são muito mais os dragões do que os leões.
Dos três, o Kalimero é o que tem menos dinheiro e menos orçamento para o futebol, o que, em contrapartida, mais talentos cria e exporta, e o que mais faz das tripas coração para se manter na discussão ao nível do topo. Merece por isso um rol de elogios e só não merece todos porque lhe falta uma característica fundamental que distingue os verdadeiros desportistas e o verdadeiro fair-play das falsas nobrezas apregoadas: saber perder. O Sporting não sabe perder e, por isso, adoptou a atitude do Kalimero, sempre a queixar-se dos «meninos maus» que lhe roubam a bola no recreio. É já uma cultura entranhada entre os sportinguistas, tão entranhada como o é a cultura de vitória entre os portistas ou a cultura de superioridade entre os benfiquistas.
Como se tal não bastasse, o Kalimero usa, sem pudor algum, uma bitola com dois pesos e duas medidas, convencido de que ninguém nota a hipocresia. Quando acha que tem razões para se queixar do árbitro — o que sucede sempre que não ganha — arma um escabeche de todo o tamanho, com declarações inflamadas, comunicados patéticos ou rídiculas «procissões de luto»; quando são benficiados — o que acontece muito mais vezes e quase sempre quando jogam em Alvalade — calam-se muito caladinhos e assobiam para o ar. Dizem que só não foram campeões no ano passado porque sofreram um golo marcado com a mão, mas fingem não ter visto o golo que entrou dentro da sua baliza e não valeu ou os erros que lhes permitiram sair do Dragão com uma vitória. Este ano, passaram uma semana revoltados porque o árbitro não lhes marcou um penalty na Amadora, que não teria qualquer influência no resultado, mas calaram-se quando, em Alvalade e contra o Setúbal, o árbitro esqueceu um penalty a favor do Vitória, que teria modificado o resultado.
O «escândalo» desta semana é porque, dizem eles, lhe roubaram dois penalties na Luz ( o mesmo árbitro que os fez ganhar no Porto, em Abril passado…). Ora, penso que, se há alguém insuspeito a analisar um Sporting-Benfica, é um portista. E o que eu vi é que, dos três lances contestados no jogo, o único que oferece dúvidas acabou a beneficiar o Sporting: um penalty que João Moutinho terá cometido mesmo a terminar o jogo. O primeiro penalty reclamado pelo Sporting faz parte daquela categoria de penalties de que os sportinguistas reclamam aos dois ou três por jogo, já por hábito instalado. E o segundo, é preciso ter muito má-fé e uma total falta de vergonha para o reclamar. O país inteiro viu que não houve penalty algum, que o Katsouranis, a menos que fosse decepado, não podia evitar que a bola lhe batesse no braço. O juiz de linha viu mal e marcou penalty, o árbitro viu bem e não o marcou. Sustentar que deveria ter prevalecido a opinião do juiz de linha, mesmo que ela implicasse uma vitória falsa como Judas e com o argumento de que foi assim que o Benfica ganhou na Amadora, deita por terra, sem honra alguma, quaisquer veleidades de se armarem em donos do desportivismo.
MST - n' A Bola.
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3 comentários:
pouco mais a acrescentar. Alias, a atitude ranhosa da lagartagem fica bem evidente na forma como os jogadores do clube encaram cada jogo: jogam duro, sem respeito pelo adversario, com entradas para partir pernas, mas sempre com aquela cara de quem nao manda uma ha uns tempos. As desculpas esfarrapadas caem no ridiculo e os kalimeros ficam cada vez mais tristes e mais longe de mandarem uma.
So nao percebi porque somos a cigarra. Quer o nosso odio favorito dizer que ficamos a espera dos resultafos? Nao concordo. Penso mesmo que a cigarra e' formiga e vice versa. Ma' sorte nao e' calanzice.
diogo, justificar a nossa performance nos últimos anos com a má sorte é até muito tipico de uma cigarra, que canta canta mas não come nada. Com ou sem fruta, os resultados são por demais evidentes e jubilarmos por termos o maior numero de socios, sermos campeoes de futsal, e por ganharmos a volta a Portugal é muito pouco digno da grandeza do nosso clube. Não tivemos a fruta do nosso lado, verdade, mas por uma vez concordo com o MST... e agora vou ali vomitar um bocadinho pelo que acabei de dizer.
Que dizer de um clube cuja maior estrela tem a alcunha de Floribela? Pois, só podiam mesmo ser os Kalimeros. Da minha parte acho óptimo que se queixem, e que se queixem muito, e que sejam várias vezes beneficiados pelas arbitragens, porque no fundo no fundo, as queixas são para os derrotados. Eu aprendi na América que "a champ doesn´t whine, never".
No fundo, cada vez que eles se queixam de um penalti estão a interiorizar o facto de serem uns falhados que procuram as desculpas em antecipação das derrotas. Será mesmo por puro azar que os Especiais baqueiam sempre nos grandes momentos? claro que não, são apenas uns falhados por natureza.
depois de postar o comentario, pus-me a pensar, e tenho que concordar contigo, joao, e com o mst (ugh...). os porcos tem tido consistencia fruto de muita labuta. e' a verdade pura e dura. trabalham mais em campo, querem ganhar mais do que os outros, por isso acabam por ser felizes. nos, como tu bem disseste, orgulhamo-nos da vanessa fernandes, da equipa de futsal e do regresso do ciclismo. talvez para escondermos o facto de alguns dos rapazes da nossa modalidade profissional principal nao darem tudo em campo e nao terem a atitude de formiguinha. alias, acho que so' mesmo uma mao cheia deles e' que sao verdadeiras formigas, com o petit 'a cabeca, claro esta'.
quanto aos lagartos, pouco mais a dizer. volto o a dizer que o discurso de "todos nos devem, nunguem nos paga" so' representa, como bem dizes, o quao falhados sao. muito bem dito sobre o "a champ never whines!".
ja' agora que estamos a falar de ranhosos: os lagartos tem um bom departamento de formacao. mas a imprensa, ao primeiro toque do djalo', pos logo o puto nos seguintes clubes: real, liverpool, barcelona, inter, manchester. e logo por 25 milhoes de euros. mas esta' tudo com os copos? sera' que cada gajo que manda um peido no balneario do sporting e' logo um cristiano ronaldo?
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