No fio da navalha, era o título alternativo.
A semana passada, antes do jogo com o Varzim, que nunca me passou pela cabeca que não ganhássemos por uns quatrocentos e setenta e dois a zero, pensei em escrever aqui que estávamos naquela fase da época em que um golo marcado pode significar que se ganha tudo, e um golo sofrido pode deitar tudo a perder. Acabei por não escrever nada na altura, mas ainda está válido. Sobretudo porque eu ia escrever que não me cheirava que conseguíssemos ganhar na Madeira. Estava, aliás, convencidíssimo que íamos trazer excesso de bagagem na volta para Lisboa, designadamente um valente carregamento de melões. Mas ainda bem que me enganei.
Estamos então naquele momento da época em que os onze gajos que vão para dentro de campo decidem, minuto a minuto, se se fica no barco ou se vai borda fora. O ano passado por esta altura estávamos prestes a despachar o Liverpool, e a coisa foi-se aguentando. Só que depois fomos despachados pelos árbitros-ao-servico-do-Barcelona e pelo Ronaldinho, e acabámos no terceiro lugar. Na altura a culpa era da rotatividade do Koeman, da instabilidade no balneário por causa do Moretto ter ganho a titularidade ainda sem sequer ter vestido os calcões e do Laurent Robert ganhar muito e fazer pouco. Este ano, o Quim até na taca joga (jogava...), o Moreira e o Moretto oscilam entre o banco e a bancada, o Laurent Robert foi não se para onde (não interessa, desapareceu) e até nem temos que gramar com as quinzenais indecisões do Ricardo Rocha. A equipa vai estando mais ou menos próxima da máxima forca, dependendo do número de gajos e, sobretudo, do número da camisola dos gajos, que estão com lesões musculares num dado momento. Não temos o estímulo de jogar contra o Liverpool, e temos a obrigacão de despachar uns romenos com nome de peca de bicicleta e a seguir uma equipa que está no trigésimo quinto lugar do campeonato francês, e na qual pontifica o da-treta himself. Ou lui-même, porque os gajos são franceses.
Enquanto o Micolli for marcando, ninguém fala na crise de confianca do Nuno Gomes, nem do comprimento das roturas do Rui Costa, nem da barba por fazer do Karagounis. Entretanto, Katsouranis, provavelmente a melhor aquisicão do Benfica desde a chegada do Simão e do Luisão, já foi dizendo que está a ficar todo roto.
Postas as cartas na mesa, eis o que fica: a equipa até joga mais ou menos, mas vê-se à rasquinha para marcar golos. Os seiscentos e trinta e dois remates contra o Boavista não chegaram (e o sacana do William, que na Luz até com os pomodoros defendia se fosse preciso, deu uma avestruz de todo o tamanho este fim-de-semana... mas por que raio é que contra o Benfica não há um raio de um GR que frangue um bocadinho que seja?!), os trezentos contra o Varzim também não, e os duzentos e cinquenta contra os romenos iam sendo curtos. Contra o Nacional já ninguém contou os remates porque além de termos aparentemente dado um banho de bola aos gajos (tal como ao Boavista e, provavelmente, ao Varzim, mas isso não interessa) marcámos e ganhámos. Marcámos, quer dizer: marcou o Micolli.
E a equipa já está em Bucareste, para esmagar o cliente seguinte. Vai ser mais ou menos como o ano passado em Anfield Road, tudo na retranca e cada vez que passarmos do meio-campo, tungas, golo. Vai ser de trezentos a zero para cima. Até podemos comecar já a pensar nos franceses. A seguir, jogo na Luz com o Pacos. Se o Micolli não se lesionar entretanto, ganhamos seis a zero. Caso contrário, empatamos zero-a-zero se os amarelos não conseguirem sair do meio-campo. Senão, é um golo para eles em cada duas saídas. E a seguir vamos jogar fora não sei onde (Aves?), o mesmo raciocínio se aplica.
Nos entrementes, o Rui Costa teve a sua segunda lesão muscular em onze anos. E também desde que chegou, em Julho. Não estará na altura de se pedir ao procurador-geral da República que abra um inquérito à praga de lesões musculares que assola o Benfica nos últimos 4-5 anos, desde os tempos do Camacho? Na altura a desculpa era que se treinava em quatro campos diferentes. Mas agora os treinos são todos no Seixal. Bem sei que aquilo fica suficientemente perto de Alcochete para dar arrepios, e o arrepio provoca uma tensão esquisita na pele que pode levar ao arreganho de determinadas regiões musculares, e às consequentes lesões por esforco. Obviamente, ninguém parece preocupar-se com isto, porque as ditas lesões musculares vão aparecendo, os jogadores vão caindo que nem tordos. Eu tremo só de pensar no que é que vai acontecer quando (e não "se", sejamos realistas: é uma questão de tempo) o Katsouranis e o Simão se lesionarem. Na verdade, é só uma questão de se lesionar mais um: com a estratégia Trapattoniana do engenheiro (provavelmente a única possível considerando o plantel que se pode arranjar...), se cai mais algum, aquilo escangalha-se tudo no meio de chão que nem um castelo de cartas em que as cartas são feitas de betão armado e seguras umas às outras por pastilha elástica. Com sabor a hortelã-pimenta, para dar um hálito fresco.
A pergunta a fazer agora é: quantos jogos vai o Micolli aguentar desta vez? E será que vai sacando uns golitos no caminho? Espero que "todos" e "muitos" sejam as respostas. Se sim, ainda ganhamos o raio do campeonato à bimbalhada. Caso contrário, estamos lixados.
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3 comentários:
Vejamos as coisas por um outro prisma: sem omoletes nao se podem fazer ovos. Nao interessa se se tem a tecnica de fazer a omolete dominada, mas se nao houver ovos, bem podemos fingir que estamos a bater os ovos. Tudo isto para dizer que foi preciso haver ovos (o Miccoli) para se comecarem a fazer omoletes (os golos). O chato e' que o Miccoli tem os ovos e a tecnica mas so' para 2 ou 3 licoes. Ja' estou a prever uma lesao muscular nos gluteos ou o aparecimento de um furunculo no nariz e la' fica o rapaz parado mais 2 meses.
Quanto ao Rui Costa, vejamos o seguinte: quando ele saiu do Benfica para italia tinha 20 anos. Nessa altura a rapaziada nao costuma ter lesoes musculares. Depois foi para italia e levou porrada como ninguem. Mas ainda aguentou uns 9 anos a jogar todos os fins de semana e ainda deu para ganhar uma champions. Mas no fim de contas, o Milan foi buscar o Kaka' nao por ser muito melhor que o Rui, mas porque tinha menos 10 anos que o Rui. Ou seja, as lesoes musculares nao serao so' culpa do departamento medico, do Rodolfo Moura, do Bruno Moura, do campo relvado ou da gravilha. Ate' porque jogar na Povoa deve ser pior que treinar no Seixal e ninguem se lesionou muscularmente. As lesoes do Rui comecaram a aparecer porque ele agora pouco treina (por estar lesionado) e pouco joga (por ter estado lesionado). Num corpo de um atleta de alta competicao que esta' a comecar a ficar cansado implica comecarem a aparecer mazelas chatas (aka, lesoes musculares). O Rui sempre foi e sempre sera' um grande profissional. Mas tem 33 ou 34 anos....
E por falar em departamento medico: Eu acho incrivel lesionarem-se todos menos os 2 que referiste. Deve ser algo de extraordinario, ou muito descanso dado a estes dois, pois ainda nada de mal aconteceu. Esperemos que fique assim ate' ao fim da epoca.
BRilhante!! Muito bom! serão linkados!
Abraços lampiões
http://obenficologo.blogspot.com
i'm speachless... eu próprio não o diria melhor :(
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