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Eusébio +10: O estado das coisas

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O estado das coisas

Isto não é um post sobre o treinador que saiu, é um post sobre a saída do treinador. Confesso que receio vir a ter saudades daquele rolo compressor que às vezes víamos, das combinações atacantes, da sede de ir ao pote. Claro que o treinador que saiu não é o único treinador que sabe por equipas a jogar à bola. Mas o rasto de incompetência em matérias de gestão do futebol por parte desta direcção faz-me temer, antecipadamente, por asneira e da grossa. Não se começa a planear a época seguinte no primeiro dia a seguir ao último jogo desta época. Até podiam fazer o anúncio do que houvesse a anunciar (fica, vem outro) nesse dia. Mas estas coisas planeiam-se com meses e meses de antecedência. Planeiam-se. Não se fazem por reacção aos acontecimentos. Em qualquer organização que se preze, há planos de contingência: se se perder o indivíduo A, o indivíduo B seria o primeiro responsável a assumir esse papel, ou ter-se-ia um perfil detalhado e uma lista de potenciais candidatos a contactar no momento em que fosse preciso. Não se iria começar a explorar potencialmente as hipóteses eventuais quando a bomba explode. Em qualquer organização que se preze, não se deixa o melhor lateral-direito dos últimos vinte anos ficar a vinte dias de acabar contrato. Nem a seis meses, nem a um ano. Porque organizações que se prezam não perdem oportunidades de contratar jogadores-chave que querem muito quando eles estão em fim de contrato. (Isto não é indirecta ao processo da contratação do Eliseu, porque o Eliseu não se enquadra no perfil de "jogador-chave".)
Tendo em conta o historial de asneira desta direcção, receio que a coisa não venha a ser bonita.
Relativamente aos candidatos ao lugar agora em processo de preenchimento, a coisa fia mais fino. Penso que tanto Rui Vitória como Marco Silva são profissionais de mão-cheia, mas não estou inteiramente convencido que qualquer deles seja o ideal para conduzir a máquina vermelha às vitórias que não quero que deixemos de facturar. Há, para mim, apenas dois nomes que asseguram de imediato um percurso ganhador: um está em França e podia vir logo com o número dez do presente e o número ele+10 do futuro; e o outro está na Grécia. Ambos sabem por uma equipa a jogar à bola com consistência e capacidade ganhadora. Eu sei que um deles teve em tempos uma postura algo agressiva contra o Benfica, mas o seu comportamento posterior sugere que se tratava mais de um efeito associado à entidade patronal de então do que ao indivíduo em si.
Seja quem for o treinador, esta época que vem só pode ter uma resposta: vitória em toda a linha. Demorou muitos anos até as equipas do Benfica serem temidas pelos adversários. Isso é uma coisa que se perde depressa e demora muito tempo a recuperar. Por isso, não há lugar para falhanços nem erros de casting. A grande força do Benfica é a chama imensa da massa humana espalhada pelo mundo inteiro, a energia desta gente impulsiona as papoilas saltitantes a ir mais além. Também esta energia tem que ser alimentada, e esta energia alimenta-se de vitórias e de ambição.

E que nenhum idiota se lembre de vender o André Almeida.

Viva o Benfica, e que daqui por um ano estejamos a festejar o 35 com uma tripleta.

1 comentário:

João disse...

Muito bom Nuno... tudo dito...